Sobre a Prata 925

Os objetos de prata mais antigos datam a 5000 a.C. provenientes da Índia. Contudo, a sua utilização vem depois da descoberta do ouro e do cobre, ainda na Pré-História, cerca de 3000 a.C..

A prata é assim o metal mais branco de todos e apresenta um poder de reflexão da luz especialmente elevado. Os alquimistas consideravam a prata como o elemento mais próximo do ouro, isto é, o ouro era o metal perfeito e por isso deram-lhe o símbolo de um círculo, representando o sol, e a prata, “quase perfeita”, atribuíram-lhe o símbolo de um semicírculo, representando a lua.

O nome dado a esse metal deveu-se ao seu brilho característico, sendo que a palavra prata tanto em grego (argyros) como em latim (argentum) significa brilhante. O símbolo químico dado à prata (Ag) deve-se ao seu nome em latim.

A mineração da prata na Grécia por volta de 1000 a.C. foi responsável pela riqueza ateniense, ou seja, o império grego. Essas minas foram exploradas até os tempos dos romanos. 

A descoberta do Novo Mundo, em 1492, foi seguida pela abertura de grandes minas de prata em regiões como o México, Bolívia e Peru, e isso proporcionou um rápido aumento na produção mundial de prata. Quando os colonizadores espanhóis descobriram a grandiosa mina de prata em Potosi, na Bolívia, imigraram de imediato para o local, estabelecendo rotas, impostos, cidades, instituições, entre outros. A jazida de Potosi foi a maior mina de prata encontrada no mundo, tendo sido explorada durante cerca de 300 anos com o sacrifício de milhares de vidas indígenas que tinham péssimas condições de trabalho.

Por outro lado, tal como acontece com o ouro e o cobre, a prata sempre foi um metal utilizado na confecção de diversos materiais, ainda serviu de moeda de troca entre comerciantes chineses e adorno para o povo muçulmano. Simultaneamente, foi explorada por mineiros na América Latina pelo povo Pré-Inca.  

A história da prata em Portugal remonta à época dos romanos que exploraram as minas de prata da região de Aljustrel, no Alentejo. Durante a Idade Média, a prata era usada principalmente na produção de moedas, que eram cunhadas em várias cidades do país. No século XVII, com a criação da Casa Real da Moeda, em Lisboa, a produção de moedas tornou-se mais padronizada, grandiosa e organizada.

De igual forma, a prata começou a ser utilizada na produção de talheres e outros objetos decorativos de luxo que imanavam uma sensação de riqueza e de alto gabarito na sociedade. As peças em prata mais valorizadas em Portugal eram os centros de mesa, os castiçais, os bules e os serviços de chá e de café. Estes objetos deram espaço às ourivesarias de renome de produzirem e venderem as suas peças. Para além das peças decorativas, a prata também era (e continua a ser) muito utilizada em objetos de culto religioso, como cálices, custódias e ostensórios, que são facilmente encontradas em basílicas, igrejas e conventos por todo o mundo. 

Atualmente, em Portugal, a prata continua a ser um material muito valorizado. Embora a sua produção já não seja tão frequente como em épocas passadas, a prata ainda é considerada um material de luxo e de prestígio, muito apreciada até pelos colecionadores e pelos amantes de arte. Hoje, o seu valor só é superado pelo ouro e, mesmo assim, é possível encontrar peças de prata com valor superior ao seu maior concorrente. 

Nas ourivesarias tradicionais e em algumas lojas comerciais que vendem este tipo de artigos, a prata é designada por prata de 925 ou prata de lei, à semelhança do raciocínio utilizado para o ouro, ou seja, para um determinado peso de prata pura (1000/1000) adiciona-se um peso de cobre, equivalente a 8%, do seu peso de prata pura. Estes elementos são adicionados à liga para a tornar mais dura e resistente ao desgaste, assim como para conseguir manter as suas características únicas de cor e brilho. Este é um padrão que determina o mais elevado grau de pureza para garantir a qualidade das joias fabricadas.

Apesar de toda a prata ser, de forma comum, reconhecida como tendo um toque de 925, é possível encontrar peças com toques inferiores, 830 ou 835, por exemplo. Assim, do mesmo modo que todas as peças de ouro possuem duas marcas de contraste, relativamente à prata, aplica-se o mesmo critério. Uma das marcas é afixada pelo fabricante da peça e a outra pela Casa da Moeda, aplicada pela Contrastaria.

A título de curiosidade, a porosidade da prata permite que este material seja mais facilmente atacado por agentes externos e que, por isso, tenha tendência de escurecer um pouco mais, seja pelo contacto com o suor ou outro tipo de ácidos, mas que rapidamente recuperam a cor original, basta usar apenas um bom produto de limpeza de pratas e ficam como novas! Aliás, existem peças de prata escurecidas propositadamente no sentido de mostrar a versatilidade da prata!

Mais uma das versatilidade da utilização da prata, criada por força do excessivo valor do ouro, de cor amarela, e pelo poder de compra dos consumidores ser insuficiente para adquirirem peças mais valiosas, começou-se a utilizar a prata dourada, exatamente com o mesmo toque de 925. Assim, tradicionalmente, tanto a prata branca, como a prata dourada, podem ser utilizadas para criar peças únicas, belas e sublimes no que diz respeito à tão reconhecida arte da filigrana.